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Conhecimento é espanto

Miguel Debiasi

A vida não aceita a ignorância. Pois, ela não é mais vivencial e nem digna de vida humana. A recusa do não saber vem desde a descoberta do Homo sapiens, do latim “homem sábio”, surgido há aproximadamente 200 mil anos na África. Em face disto, a vida não é mais sobrevivência, mas sim, uma vida humana aceita, amada e vivenciada. Eis um critério do sentido da vida humana que transcende a luta pela existência, o conhecimento torna-se uma tarefa do presente.

A sede por conhecimento torna-se mais urgente com a pré-história que corresponde ao período que antecede a invenção da escrita, tempo registrado até aproximadamente 3500 a.C. Contudo, é difícil determinar exatamente quando começou o conhecimento humano. Ademais, sabe-se que o processo científico encontra-se numa dinâmica de condicionamento e modificação motivados pelos interesses humanos. A tarefa de conhecer consiste em, muito mais do que sobreviver ao tempo, em dar sentido à existência humana.

Para os antigos filósofos gregos, a raiz do conhecimento é o espanto ou thaumáziem, que significa observar com atenção e interesse pessoal. Por conseguinte, para Platão (428 – 347 a.C.), filósofo grego, “a origem da toda filosofia é o maravilhar-se”. Nas tradições bíblicas o temor do Senhor é o início da sabedoria. Portanto, são muitas as formas de conhecimento através das ciências naturais e das ciências humanas. Isto significa, no decorrer do tempo, a produção de um laboratório de diferentes conhecimentos. As múltiplas janelas de aprendizagem da realidade podem causar espanto e também nos levar ao temor de Deus. Pois, o conhecimento abre a possibilidade de deparar com algo que não compreendemos e ou ficarmos admirados, até perplexos, entregues ao novo. Com isso, é possível abrir-se com a impressão do novo, novas formas de aprender, de modo que podemos conservar e inovar até o próprio conhecimento.

Então, o conhecimento como espanto por perceber e entender as coisas pela primeira vez aflui para todos os sentidos. Uma criança se espanta porque não possui concepções que possa compreender tais impressões. Talvez a segunda, a terceira vez ou mais impressões possam levar a criança ao conhecimento. Isto é, a criança se acostuma com as impressões e conhece. Enquanto isto, os adultos consideram o espanto como próprio dos olhos infantis. Contudo, todo cientista e artista, pesquisador e pensador, chamados de gênios, conservam essa infantilidade do espanto e do sentido, pois o novo surpreende. Dessa forma, toda descoberta nos deixa fascinados pelo conhecimento de algo novo. Em presente cultura, que o conhecimento espante a população para a ética, homens e mulheres para a solidariedade, a nação humana para a preservação da natureza-cosmo.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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