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A transição de período e de tudo

Miguel Debiasi

 

Os historiadores organizam seus estudos a respeito da História da civilização em períodos. À luz desta metodologia de estudos a História é dividida em cinco grandes períodos: Pré-História, Idade Antiga ou Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Para dividir os períodos, a historiografia utiliza critérios que estão relacionados aos aspectos de cada época como das mudanças significativas da humanidade no âmbito cultural, social, político. Nosso período histórico também está submetido a este método de estudos e de compreensão.

Os períodos ou a periodização da História da humanidade atende às convenções sociais e serve para fins didáticos. A historiografia apresenta características peculiares de cada período e o que é comum a todos. A Pré-História compreende os períodos Paleolítico, Neolítico e Mesolítico. O termo Pré-História foi criado em 1851 e se refere ao período da vida humana que antecede a invenção da escrita. A Pré-História durou cinco milhões de anos, aproximadamente. Para os Arqueólogos, antropólogos, paleontólogos e geneticistas, os primeiros registros iniciaram 4000 a.C., encontrados nos interiores das cavernas como as pinturas rupestres, vestígios de utensílios e ferramentas. Esse período denomina uma época de história dos povos pré-letrados ou povos ágrafos, também conhecido como Idade dos Metais e da Pedra Lascada que terminou no ano 10.000 a.C, aproximadamente.

A transição da Pré-história para a História recebe o nome de Proto-História. Na Proto-História as sociedades agrárias vão se organizando e deixam seus registros como os primeiros escritos e com documentos. O desenvolvimento da escrita acontece a 4000 a.C., aproximadamente. A partir disso é possível fazer a divisão da História em Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.

A Idade Antiga ou Antiguidade, corresponde desde a invenção da escrita entre 4000 a.C. e 3500 a.C., até a queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C. Os vestígios e os registros deste período estão em construções antigas e ruínas. A Idade Média ou a Idade Medieval compreende o período que se estende de 476 d.C. com a queda do Império Romano, até o ano de 1453 com a tomada de Constantinopla pelo Império Turco Otomano. Segundo os historiadores esse período foi marcado pela hegemonia da Igreja Católica, no campo cultural e social. Neste período ocorreu o enfraquecimento comercial, do sistema de produção feudal e da sociedade hierarquizada. Os vestígios e registros históricos deste período são muitos e presentes em todas as partes, como da Capela palatina situada em Aachen, na Alemanha e em muitas outras.

A Idade Moderna é o período que inicia com a queda do Império Bizantino e que se estende até 1789 com a Revolução Francesa. Na Idade Moderna, a civilização passou por uma série de transformações, que iniciaram no continente europeu com a Expansão Marítima e com as Grandes Navegações, resultando na conquista de continentes como a África e a América. Neste período as classes dominantes europeias acumularam riquezas e favoreceram a expansão do capitalismo pela transição da produção agrícola para a mercantil e a industrial. A Idade Contemporânea teve início com a Revolução Francesa e que perdura até a atualidade. Esse período, também é marcado por conflitos, guerras mundiais e outros.

A história da civilização ocorre numa permanente transição de períodos. Em nosso tempo contemporâneo já se fala em transição do moderno para a era do pós-moderno, da era da verdade para a não verdade, do real para o visual e outros termos são empregados. O escritor brasileiro Walter Campos de Carvalho (1961-1998), em seu artigo Axiodrama: uma possibilidade de ressignificar o tempo e a impaciência na pós-modernidade, descreve nosso tempo: “Estamos entregues a essa grande compulsão que se instala de maneira globalizante, estamos cegos para olhar a nós mesmos e ao outro, substituindo relações por vícios, trabalho desenfreado e cacarecos pós-modernos, aumentando a sensação de impaciência em relação ao outro”.

O médico e fundador da psicanálise Sigmund Freud (1856-1939) já havia afirmado em haver um Mal-estar na Civilização contemporânea. Analistas econômicos do século XX endossaram Freud dizendo que o colapso da Bolsa de Valores de Nova York (1929) causou um mal-estar a toda a humanidade. Os filósofos e teólogos descreveram as Guerras Mundiais, a de 1914-1918 e de 1939-1945 como o fracasso do século XX. Muitos estudiosos definem o pós-moderno como a era dos excessos, do nervosismo, dos sofrimentos psíquicos, do imediatismo, das relações humanas de consumo. Seja qual for a melhor expressão que os teóricos usam para definir esse tempo, fica a impressão que nada é eterno, tudo é vulnerável, todas as coisas podem ser substituídas por outras, e também governos podem ser substituídos e iniciar um novo período histórico.

 

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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