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Clima impacta produção de frutas

por Maria de Fátima Zanandrea

Safra apresenta quebra de até 71% na Serra gaúcha

Santa Justina: Debastiani e Realda
Foto: João Carlos Romanini/Correio Riograndense

O casal Mario, 86 anos, e Realda Genoveva Rombaldi Debastiani, 81 anos, mora em Santa Justina, interior de Caxias do Sul. Em meio ao verde da bela paisagem tomada por vinhedos, asseguram que nunca viram safra igual à de 2015/2016. “Talvez, dá para comparar à de 1946, quando o clima teve o mesmo comportamento”, afirmam (leia abaixo).

Isso soma 70 anos. Os números, apresentados pelo presidente da Emater/RS-Ascar, Clair Tomé Kuhn, na quarta 27, em Caxias, confirmam. “Todas as frutíferas cultivadas na região devem apresentar quebra, que pode variar de 17% a 71%, com exceção do morangueiro”, atesta a Emater, a partir de levantamento realizado em todos os municípios.

Segundo a Emater, a videira, cultura com maior área na Serra, com 38 mil hectares, apresenta redução expressiva na produtividade, de 56% em relação à média histórica, e de 65% de relação à safra 2014/2015. O percentual representa cerca de 550 mil toneladas a menos da fruta, e impacto financeiro direto de R$ 380 milhões. No caqui, a queda na produtividade pode chegar a 71% e no quivi, a 67%.

 

Esgotamento

Conforme o engenheiro agrônomo da Emater, Enio Ângelo Todeschini, o principal fator que afetou a produtividade, qualidade e rentabilidade bruta da viticultura foi o esgotamento fisiológico das plantas, “o que é natural após várias safras com alta produtividade, especialmente à de 2014/2015, que exigiu grande mobilização de nutrientes e energia para as plantas produzirem.”

As reservas de nutrientes também foram afetadas pelo clima, que gerou o desfolhamento precoce das vinhas. “O clima contribuiu bastante para o encolhimento da safra. O inverno atípico causou brotação irregular e desuniforme das gemas, folhas e flores”, relata o agrônomo.

 

Espécies

“As espécies caducifólias requerem soma mínima de horas de frio abaixo de 7,2 graus para poderem superar o ciclo hibernal de dormência, reiniciando a fase de brotação e frutificação na primavera.

A Embrapa Uva e Vinho contabilizou apenas 140 horas de frio em 2015, diante da média de 409 horas nos últimos 35 anos. Para piorar, em agosto, foram registradas temperaturas acima da média, o que antecipou a brotação e o florescimento das frutíferas, deixando-as expostas a por geadas tardias. “E foi o que aconteceu”, resume.

As geadas ocorridas no período de 11 a 13 de setembro afetaram severamente o potencial produtivo dos pomares. Não bastasse isso, a primavera foi marcada por precipitações acima da média.

 

Umidade

“A excessiva e constante umidade prejudicou a polinização/fecundação das flores e o pegamento das frutinhas, e os dias encobertos afetaram o potencial de crescimento dos ramos e frutas”, explica Todeschini.

Além disso, diz ele, o constante molhamento - água livre sobre a copa - condicionou o surgimento de epidemias das principais doenças incidentes na fruticultura, principalmente o míldio (mufa) na viticultura, exigindo frequentes tratamentos para seu controle.

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