De forma descontraída, humorada, barulhenta, pacífica e muito bem organizada, motoristas de Guaporé mostram sua indignação com os valores pagos pelos combustíveis, em especial a gasolina (comum e aditivada) e o diesel. Acompanhados de perto por uma guarnição do 4º Pelotão da Brigada Militar, com reforço no efetivo e a presença do tenente Júlio César de Oliveira Greff, além de seguranças particulares contratados pela Rede SIM, os manifestantes, conforme o combinado por um grupo de mensagens instantâneas (WhatsApp), chegaram em comboio na segunda-feira, dia 21 de maio, ao posto de combustíveis – localizado na Av. Monsenhor Scalabrini – para abastecer seus veículos.

Condutores de automóveis, caminhonetes e até caminhões, com a mão na buzina, literalmente, solicitaram a colocação no tanque de cada veículo a quantia de R$ 0,50. O total de combustível que entrava era de apenas 100 ml no abastecimento da gasolina, seja ela comum ou aditivada. Para o diesel, a quantidade era um pouco maior. Segundo a gerência da Rede SIM, passaram no momento do protesto (hora divulgada no WhatsApp) cerca de 50 veículos num período de uma hora. Até às 22h, horário de fechamento do posto, foram mais 93. Ao longo de todo o dia, a contabilidade de motoristas que abasteceram e solicitaram nota/cupom fiscal colocando R$ 0,50 foi de 206.

Muitos, ao pagar a conta, entregavam notas altas (valores de R$ 20,00, R$ 50,00 e R$ 100,00) ou quitavam a compra com a utilização do cartão de crédito/débito. Diversos motoristas optaram pela entrega de moedas de R$ 0,50 e alguns, cadastrados na Rede, solicitavam o desconto ofertado. Os frentistas, com largos sorrisos nos rostos, atendiam a todos. Apesar do aparato reforçado de segurança, nenhum incidente ocorreu.

“O grupo estava organizado e ciente do papel que iria desempenhar ao longo do manifesto/protesto. Não temos nada contra os frentistas e demais colaboradores dos postos de combustíveis de Guaporé. Queremos apenas que os empresários, proprietários dos estabelecimentos, possam colaborar e cobrar das distribuidoras um preço justo. Temos informações, inclusive com a comprovação de notas fiscais de outros postos da região, que cobram um valor maior para a entrega em Guaporé. Infelizmente quem está pagando o preço somos nós, consumidores”, disse um manifestante.

Ele, que não se identificou, salienta que não há concorrência entre os postos.

“Não há concorrência nos postos de Guaporé. É estranho. Todos vendem praticamente o combustível, seja ele qual for, no mesmo patamar de preços. A diferença, se ocorre, é de um ou dois centavos”, afirmou.

O preço médio do litro da gasolina comum em Guaporé gira em torno de R$ 4,89, enquanto a aditivada está na casa dos R$ 5,00.

De perto

O manifesto foi acompanhado pelo diretor da Procuradoria Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de Guaporé, Rafael Ostemberg.

“Estivemos presentes para garantir que não houvesse a recusa da venda aos consumidores, conforme determina o Art.39 – Parágrafo IX do Código do Consumidor”

O Procon segue verificando os aumentos repassados pelas distribuidoras aos postos de combustíveis do município, através da análise das notas fiscais quando há reajustes da Petrobras nas refinarias, e inspecionando a qualidade da gasolina (comum e aditivada) entregue aos consumidores. O teste de proveta, conforme Ostemberg, pode ser solicitado por qualquer motorista e o posto é obrigado a realizá-lo.

Novo manifesto

Os consumidores prometem continuar protestando. Na terça-feira, dia 22, às 18h, a visita para o abastecimento dos veículos com R$ 0,50 será no posto de combustíveis da Av. Alberto Pasqualini em frente à praça Getúlio Vargas – “Praça das Pombas”.