O “sim” mais uma vez saiu vitorioso na consulta popular, organizada pelo movimento “O Sul é o Meu País”, que busca a separação dos três estados do Sul – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – do restante do Brasil para criar um país soberano. O Plebisul 2017, como é chamado, registrou 364.256 mil votos, pouco mais da metade da primeira edição realizada em outubro de 2016. No sábado, dia 7, 350.633 (96,26%) sulistas que se dirigiram às 1.414 urnas espalhadas em cerca de 900 municípios disseram “sim” à soberania e 13.623 (3,74%) optaram pelo “não”.

No Rio Grande do Sul foram computados 185.592 votos. Em Santa Catarina, o grupo registrou a participação de 100.717 sulistas e no Paraná foram as urnas 77.947 pessoas. Na Microrregião de Guaporé, coordenada pelo ativista Arlei Rabuske Silveira, foram registrados 5.741 votos, sendo 5.521 para o “sim” e 220 para o “não”. Além dos votos, os sulistas foram convidados a assinar o Projeto de Lei de Iniciativa Popular para a concretização em 2018 de um plebiscito consultivo oficial. Foram coletadas cerca de 400 mil assinaturas, conforme Silveira.

“A participação nos três estados foi baixa, mas em um dia conseguimos recolher em torno de 400 mil assinaturas para o projeto de lei para implantar a nossa consulta popular nas urnas eletrônicas em 2018. Precisávamos de 1% dos eleitores do estado e conseguimos 2,2%, agora vamos tentar ampliar este percentual para 5% até março de 2018”, disse.

Assim como em 2016, Guaporé registrou o maior número de votantes. Foram 940, número inferior aos 2.888 da edição passada. Na região, apesar do crescimento no número de urnas, os votos diminuíram significativamente e o coordenador explica os motivos.

“Nossa meta era 5% dos eleitores dos municípios, o que dava no total 5.900 votos. Tivemos alguns desfalques de voluntários sulistas que impossibilitaram a instalação de diversas urnas. Mas estão todos de parabéns. Atingimos 97,3% da meta com 5.741 votos. O grande destaque foi o município de Anta Gorda que atingiu 3,2 vezes a sua meta. O mais importante foi o recolhimento de assinaturas, onde em um dia conseguimos superar a meta de 1% dos eleitores locais, vamos em busca dos 5% dos eleitores nas assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular. Vamos buscar mais assinaturas e assim forçaremos uma consulta oficial nas urnas eletrônicas em 2018. Volto a destacar: estão todos de parabéns pelo empenho, e mesmo com o pouco recurso, por continuarem lutando pela soberania dos três estados do Sul do Brasil. Avante sulistas por um Sul livre para nossos filhos”, destacou Silveira.

O coordenador da Microrregião de Guaporé salienta que a intenção é fomentar o debate da proposta. O maior argumento em prol da separação é que a região Sul gera riquezas que são depois distribuídas com desigualdades no retorno aos estados. Também há críticas sobre a representação política no Congresso Nacional. Apesar do desejo de formar um estado soberano, o movimento “O Sul é o Meu País” esbarra no primeiro artigo da Constituição Brasileira que determina que o país é formado “pela união indissolúvel dos estados”. Conscientes da barreira jurídica, os separatistas apelam para o direito internacional alegando que proibir a separação do Sul descumpre o princípio da “autodeterminação dos povos”

A consulta informal realizada pelo grupo não tem validade por não ser registrada na Justiça Eleitoral.