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Festa da Epifania do Senhor

por João Romanini

Subsídios exegéticos Liturgia dominical - Ano B

Foto: Divulgação

Festa da Epifania do Senhor

Dia 03 de janeiro de 2021

Primeira Leitura: Is 60,1-6

Salmo: 71,1-2.7-8.10-13

Segunda Leitura: Ef 3,2-3a.5-6

Evangelho: Mt 2,1-12

 

Estes textos simbólicos e prefigurativos servem de base à celebração da solenidade da Epifania. Belém é citada para identificá-la coma a cidade natal de Davi: “Davi era filho de um efraimita de Belém da Judeia, chamado Jessé” (1Sm 7,12). Era a cidade de origem da casa reinante na Judeia. Em contraste, “rei Herodes” não é de descendência davídica e tampouco judeu, sendo um idumeu que recebeu dos romanos o título de “rei da Judeia”.

Vêm magos do oriente que se apresentam a Jerusalém. Mateus não indica precisamente de onde eles vêm nem nos diz exatamente o que devemos entender por mágoi, mas de todo o contexto podemos deduzir que fossem astrólogos, observadores do céu estrelado, cujos sinais sempre sugestionaram antigos e modernos. Eles perguntam: “Onde está o rei dos judeus recém-nascido?” Tal interrogação só pode surgir em boca de pagãos. Os israelitas não diriam “rei dos judeus”, mas “rei de Israel”. No entanto, Mateus sabe muito bem o que quer dizer “Rei dos judeus”. Tal nomeação dada a Jesus, é a “causa” do processo e da condenação à morte do Filho de José e de Maria. É o que foi escrito sobre a cruz (27,37). Este é o primeiro dos traços prefigurativos que antecipam na infância de Jesus a sua futura paixão.

Os magos vêem a sua estrela (astêr) no oriente, “no seu surgir”: a viram elevar-se. Os israelitas, segundo o oráculo de um profeta estrangeiro, aguardavam o Messias como um “astro” vindo de Jacó. A profecia de Balaão em Nm 24,17 soa assim: “um astro procedente de Jacó se torna chefe, um cetro se levante, procedente de Israel”. É importante recordar esse texto para não tomarmos ao pé da letra a estrela da qual fala Mateus: é basicamente uma figura messiânica.

A intenção dos magos, subindo a Jerusalém, é de “prostrar-se” em adoração ao Messias. Proskynéo é um dos termos mais freqüentes em Mateus (nesta perícope vers. 2.8.11), designa uma atitude de reverência.

A visita dos magos dispara a reação de Herodes e de “toda Jerusalém”, aqui entendida como sede do stablishment político-religioso avesso ao Messias. Herodes não se limita a consultar os escribas sobre um argumento escriturístico. Convoca uma sessão especial do sinédrio: “todos os chefes dos sacerdotes e os escribas”. Para Mateus é o processo de Jesus que está sendo prefigurado.

Mateus diz que Herodes indagava (epyntháneto) “onde nasce o Messias?” O tempo imperfeito sugere que Herodes indagava repetidas vezes. Os escribas respondem com a citação profética de Mq 5,1.3 combinada com 2Sm 5,2. Belém, segundo as Escrituras, é o lugar de nascimento do Messias. Mas os escribas, que custodiam as Escrituras e sabem interpretá-las, não movem um passo sequer em direção a Belém.

Em direção a Belém se voltam os magos, os pagãos. Mateus não fala de gruta, mas de uma simples casa (v.11). Esta história foi enriquecida com aspectos lendários no curso da tradição. Mt não diz que os magos sejam reis, nem que sejam três. Porém, trazem regalos que são dignos da realeza, dignos do Messias. O Sl 71 e Is 60,1-6 constituem o substrato escriturístico da adoração (prokýnesis) dos magos.

Reconhecido o Messias (o clímax da perícope está nos vers.10-11, a partir da “alegria imensa” que provam os pagãos ao encontrar o lugar no qual se encontra o menino) os magos regressam à sua região “por outro caminho”, sem voltar a Herodes.

O relato prefigura a história de um Messias, “Rei dos judeus”, que paradoxalmente será crido mais pelos pagãos que pelos judeus. Duas coordenadas permitem individuar o lugar onde se encontra o Messias: a estrela e a Escritura. A estrela que representa os sinais dos tempos, as ocasiões da história e, mais basicamente, o cotidiano da vida. A estrela conduz ao evento messiânico, mas não chega sozinha ao objetivo: é necessária também a consulta à Escritura. Os magos não vão direto a Belém, param em Jerusalém. Somente na conjunção entre a estrela aparecida aos pagãos e a Palavra custodiada por Israel é possível identificar o evento do Messias. Estrela e Escritura conduzem juntas ao lugar onde se encontra o Emanuel, Deus conosco.

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

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