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Frutíferas dependem do frio

por Felipe M. Padilha

Regularidade e intensidade das baixas temperaturas qualificam brotação e floração

Coronel Pilar (RS): Emater leva conhecimentos técnicos a viticultores no período de dormência
Foto: Rejane Paludo/Divulgação/CR

As fruteiras de clima temperado caracterizam-se pela queda das folhas no final do ciclo e a consequente entrada em dormência. Esta inatividade fisiológica permite a sobrevivência em condições de baixas temperaturas. Durante esse período, a planta não demonstra crescimento visual, porém as atividades metabólicas continuam, embora com intensidade reduzida, o que lhe permite resistir às baixas temperaturas.

Para que as fruteiras de clima temperado iniciem o ciclo vegetativo na primavera, em condições naturais, é necessário que a planta seja exposta a um período de baixas temperaturas (ver quadro), conforme explica o pesquisador Henrique Pessoa dos Santos, fisiologista da Embrapa Uva e Vinho.

A regularidade e a intensidade das baixas temperaturas são fundamentais, pois oscilações durante o período de dormência podem fazer com que a planta permaneça por maior período em dormência ou que ocorra brotação e floração desuniformes, podendo grande parte das gemas permanecer dormentes.

O estado de dormência é a interrupção temporária do crescimento, regulada de maneira endógena e influenciada por fatores externos. A dormência existe de muitos modos e graus, dependendo da forma de crescimento da planta, do órgão ou do tecido considerado e dos fatores por meio dos quais é induzida. A série típica de eventos que levam à dormência de inverno começa com a pré-dormência, a qual é iniciada com a redução na duração do dia e baixas temperaturas.

A incapacidade das plantas de saírem deste estado de dormência prematuramente, uma vez que estejam em endodormência, é um fator ecológico importante em relação à resistência ao frio, devido às incertezas do clima. Ou seja, se as plantas de região de inverno frio respondem a dias mais quentes, elas estarão suscetíveis à próxima onda de frio. “O frio precisa ser uniforme para acontecer a brotação”, explica Pessoa.

Lenhosas - Em muitas espécies lenhosas, o fim da dormência depende de certos requerimentos em relação às baixas temperaturas. Em muitos casos, a dormência somente termina após a exposição durante semanas a temperaturas de 2º a 7ºC. Ao final do período de dormência há aumento da concentração de fitormônios, responsáveis pela promoção da atividade genética e de enzimas.

O metabolismo basal, a mobilização de reservas e a biossíntese são novamente retomados e a divisão celular inicia-se gradualmente. A planta estando pronta para o desenvolvimento, o aparecimento de novos ramos e folhas só é inibido por condições climáticas adversas, principalmente pelo frio (dormência imposta ou ecodormência). Com temperaturas mais elevadas e com o aumento das horas do dia, o desenvolvimento processa-se rapidamente.

 

Indução da entrada e saída da dormência

As baixas temperaturas do outono e inverno constituem o fator ambiental mais importante que induz a planta a entrar em dormência. Estando a planta em dormência, a ação contínua de baixas temperaturas por um determinado período levará a mesma a sair da dormência. O período de dormência é uma condição fisiológica importante no comportamento das fruteiras de clima temperado. Desta maneira as baixas temperaturas têm dupla função, ou seja, induzir e terminar a dormência, permitindo uma nova brotação.

Outro fator a considerar é que as temperaturas acima de 21ºC anulam o frio acumulado, quando não ocorrerem no mínimo dez dias contínuos com temperaturas abaixo de 21ºC, podendo interromper as reações bioquímicas que estão se processando no interior da planta, para o início da brotação.

O efeito adverso das altas temperaturas é maior quando em dias seguidos. As flutuações com temperaturas superiores a 21ºC são frequentes nas regiões produtoras de frutos de clima temperado no Sul do Brasil. Períodos com temperaturas que chegam aos 15ºC não afetam a eficiência do frio acumulado, podendo até estimular a brotação. Isto pode-se atribuir ao efeito combinado, visto que temperaturas de 15ºC contínuas não são efetivas.

Segundo o fisiologista Henrique Pessoa, o importante para efeito de dormência não são temperaturas extremamente baixas, mas sim a regularidade com que ocorrem. “Flutuações de temperatura fazem com que seja necessário maior número de horas de frio para satisfazer as exigências da planta”, acrescenta. O efeito negativo das altas temperaturas depende do tempo que elas permanecem e da intensidade da temperatura.

Exposições - Conforme estudos, exposição de 2 a 4 horas a 21ºC não prejudicam. Porém, quando a exposição for superior a oito horas ocorre um efeito anulador das horas de frio. Em temperaturas mais altas, em torno de 24ºC por 2 horas, já pode haver um efeito anulador do frio.

A época da ocorrência do frio também tem influência, sendo mais eficiente o frio que ocorre em meados ou final do inverno do que o frio recebido no início da entrada da dormência.

Em geral, é aceito como frio o intervalo de temperaturas de 1,5º a 12,4ºC com um ótimo de 6ºC para pessegueiro e mirtilo. No caso da macieira de -0,6ºC e 16,5ºC, com ótimo de 7,2ºC, embora há quem afirme como mais efetivo 2ºC.

 

La Niña no comando até o verão

O inverno iniciou na segunda-feira 20, às 19h34, horário oficial de Brasília, e deve registrar chuvas acima da média. O período de junho a setembro pode ter variação entre dias secos e úmidos, mas com frequentes avanços de frentes frias, que garantem as chuvas na estação. A estação termina às 11h21 do dia 22 de setembro.

O fenômeno climático El Nino, que influenciou o clima neste último ano, perdeu intensidade e nova fase está iniciando, que é a volta do fenômeno climático La Niña, a qual vai influenciar o clima no decorrer das próximas estações, inverno, primavera e verão.

Com isto, no Sul do Brasil a estação será marcada pelas temperaturas mais baixas além de um maior número de dias com ocorrência de geadas, devido a entrada de massas de ar de forte intensidade, conforme o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, Luiz Renato Lazinski.

Quanto às precipitações, devem o mudar o padrão que apresentaram no último ano, com chuvas mais irregulares e abaixo da média, intercalando períodos curtos com muita chuva com períodos maiores com pouca ou nenhuma precipitação, durante o inverno, primavera e verão.

 

Frio (abaixo de 7ºC)

Macieira (gala e fuji) - 550 a 600 horas de frio;

Videira (tardia) - 350 a 400 horas de frio;

Pêssego - 150 a 200 horas de frio; 

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