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Governo venezuelano, outra bela atitude

Miguel Debiasi

Governo venezuelano, outra bela atitude

A Venezuela é um país mundialmente conhecido por muitos fatores, os mais importantes, são pela sua vasta reserva de petróleo e outro, pela sua Revolução Bolivariana. O território venezuelano foi colonizado pelo Império Espanhol em 1522. Em 1811, tornou-se uma das primeiras colônias hispano-americano a declarar a independência. Contudo, povo continuou sendo oprimido pelas elites nacionais, a autocracia. Atualmente, a Venezuela sofre não tanto pela situação interna do país, mas pela pressão dos EUA com objetivo de estabelecer domínio geopolítico sobre as Américas. A situação do país, merece uma reflexão desprovida de preconceito.

Sem dúvida alguma, por suas vastas reservas de petróleo, a Venezuela continuará sendo a região pretendida para ampliar a política econômica do império dos EUA. A pressão dos EUA sobre os governos venezuelanos intensificou-se nas décadas de 1980 a 2000, a culminar em várias crises políticas internas, golpes e o impeachment do presidente Carlos André Pérez, em 1993. No entanto, a injusta pressão internacional levou ao fortalecimento dos movimentos sociais e populares da Venezuela. Literalmente, o tiro está saindo pela culatra. Os interesses dos EUA pelo petróleo venezuelano provocou o surgimento de muitos líderes populares como de Hugo Chávez, mentor da Revolução Bolivariana. O próprio termo Revolução Bolivariana é um conceito criado por Hugo Chávez que expressa a mudança da política econômica e social no país da Venezuela.

Com Hugo Chaves inicia-se uma nova era na Venezuela, com um projeto político, econômico e social em defesa da soberania nacional e das riquezas do país. Com a morte de Hugo Chávez, em 2013, Nicolás Maduro é eleito presidente pelo voto popular. Em 2018, Nicolás Maduro é reeleito com forte apoio dos movimentos sociais e políticos, derrotando a forte pressão dos EUA tutelada pela impressa internacional. Contudo, os EUA trataram de aumentar a pressão sobre o governo de Nicolás Maduro, a ponto de provocar uma grande crise socioeconômica. As medidas adotadas pelos EUA levaram a redução do preço do barril de petróleo; do rompimento de acordos bilaterais para compra dos produtos petrolíferos venezuelanos; ampliação do boicote internacional; elevação dos preços e da taxação de importação; a criação de governo paralelo na Venezuela, financiado pelos EUA.

O governo Bolsonaro, submisso a política de Donald Trump, tem sua parcela de culpa com a situação do povo venezuelano. Em 7 de julho de 2019, através do ministro da Justiça Sérgio Moro e com apoio do coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, vazaram dados sigilosos da delação da Odebrecht para atingir as autoridades venezuelanas e com objetivo da derrubada de Nicolás Maduro. O objetivo do vazamento de falsas informações era para desestabilizar o governo Nicolás Maduro facilitando a invasão dos EUA na Venezuela, conforme revelou a reportagem do Intercept Brasil em parceria com o jornal Folha de São Paulo. Em contrapartida, na época, autoridades internacionais, brasileiras, diplomatas, políticos repudiaram agressão a soberania da Venezuela.

No entanto, o povo venezuelano resiste bravamente contra qualquer ataque a soberania nacional e tentativas de invasão ao país. O interesse dos EUA tomar posse das riquezas venezuelanas é tão descarado que não há nenhum constrangimento da impressa internacional e nacional silenciar sobre os fatos. Contudo, mesmo com toda pressão internacional a Venezuela tem combatido o coronavírus de forma exemplar ao mundo. Até o momento o país tem apresentado a menor taxa de contaminação e por mais de 20 dias não registra nenhuma morte de coronavírus.

 

Enfim, o país é considerado exemplo pela ONU no combate à pandemia. Segundo os observadores internacionais, na pior das hipóteses, o sistema de saúde da Venezuela não entraria em colapso total. Ademais, mesmo com escassos recursos o governo garantiu o pagamento dos salários dos funcionários públicos e de todos os trabalhadores de pequenas e médias empresas, durante o período da pandemia. Uma medida que os países capitalistas não foram capazes de tomar em favor dos trabalhadores e da saúde pública.

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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