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Diminuição da biodiversidade

Miguel Debiasi

O primeiro capítulo do livro do Gênesis e das Escrituras descreve a criação, as origens do mundo e da humanidade. O autor do livro nos leva a contemplar o mundo como obra de Deus: “No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). Tudo vem à existência pela palavra de Deus. Embora o texto não esteja em concordância com a ciência moderna, cientistas asseguram que os homens estão destruindo o mundo, a criação divina.

 

Quanto à narrativa do livro do Gênesis, precisa ser lida com os olhos da época para o texto contribuir para o presente e futuro da humanidade. Dessa forma, o texto permite ensinamento que transcende as circunstâncias do tempo presente. Segundo o autor do Gênesis, Deus é o artesão que dá a ordem, executa a criação e contempla a obra feita. Ele tudo criou no princípio da ordem e da harmonia. A coroa de sua criação é o homem, feito a sua imagem e semelhança. E Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, com nossa semelhança, e que ele domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra” (Gn 1,26). A cada coisa criada o autor do livro escreve: “Deus viu tudo que tinha feito: e era muito bom” (Gn 1,31).

 

Muitas interpretações o livro do Gênesis pode suscitar, mas há uma coerência e convergência em todas quanto ao papel da humanidade diante do senhorio absoluto de Deus Criador, ser como uma espécie de colaboradores de sua criação. A imagem e semelhança com Deus é de alguém identificado à vontade divina a fim de cuidar para que sua obra criada seja preservada na sua integridade. Mas, um estudo da Plataforma Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), da qual participam 500 cientistas de 129 países, apresentou em março um relatório em Medellín, Colômbia, no qual assegura que um conjunto de seres vivos está desaparecendo da face da Terra.

 

O relatório é fruto de três anos de pesquisa aplicada em quatro avaliações regionais de biodiversidade nas regiões das Américas, Ásia-Pacífico, Europa-Ásia Central e África. Segundo os pesquisadores a biodiversidade diminuiu em todas as regiões do mundo, reduzindo significativamente a capacidade da natureza de contribuir para o bem-estar das pessoas. A tendência coloca em risco as economias, os meios de subsistência, a segurança alimentar e a qualidade de vida humana em todos os lugares do planeta.

 

O pesquisador canadense Dr. Jake Rice destaca: “Nas Américas, a rica biodiversidade contribui imensamente para a qualidade de vida, ajudando a reduzir a pobreza e fortalecendo as economias e os meios de subsistência”. A Dra. Cristiana Simão Seixas (Brasil) e a pesquisadora Maria Elena Zaccagnini (Argentina) afirmam: “O valor econômico das contribuições da natureza terrestre das Américas para as pessoas é estimado em mais de US$ 24 trilhões por ano, equivalente ao PIB da região. Mas, quase dois terços ou 65% dessas contribuições estão em declínio, com 21% diminuindo fortemente”. Os fatores da diminuição da biodiversidade são a mudança climática induzida pelo homem, que afeta a temperatura, a precipitação e a natureza dos eventos extremos, a degradação do habitat, poluição e superexploração dos recursos naturais.

 

Baseado no resultado da pesquisa apresentado em março, o presidente da IPBES, Sir Robert Wastson, afirmou: “A biodiversidade e as contribuições da natureza para a humanidade parecem, para muitas pessoas, acadêmicas e distantes de nossas vidas diárias”. Contudo, a biodiversidade é a base de toda alimentação, água limpa, energia. As biodiversidades não são apenas o coração de toda sobrevivência que existe no mundo, mas de nossas culturas, identidades e prazer da vida, afirma Sir Robert Watson. Os estudos apontam que há uma única solução: “devemos agir para deter e reverter o uso insustentável da natureza ou arriscar não apenas o futuro que queremos, mas até as vidas que atualmente conduzimos”. Louvado seja São Francisco de Assis por ter assumido esta bandeira.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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