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A vida em primeiro lugar

Miguel Debiasi

 

O dia sete de setembro é um feriado nacional, data comemorativa da declaração da Independência do Brasil do Império de Portugal, ocorrida em 1822. Neste dia, acontecem no país comemorações públicas, hasteamento da bandeira acompanhada do hino nacional, desfiles cívicos, etc. Esta data também é dia de grandes protestos do movimento social e popular Grito dos Excluídos.

Tradicionalmente, o sete de setembro é marcado pelas manifestações folclóricas, cívicas, militares, políticas, que reúnem uma significativa população que aplaude alunos, professores, militares em marcha pública. Em cada cidade há uma manifestação pública para comemorar a independência do Brasil colônia de Portugal. Geralmente, acompanham as comemorações os longos discursos do mandatário do município, declamação de poesias e dizeres recheados de emoção e de satisfação de um país livre do império. Para esta atividade cívica, os colégios estaduais e municipais fazem longos ensaios das marchas, bandas, apresentações artísticas, etc.

Mas, pouca gente sabe que o sete de setembro foi escolhido pela Igreja, pelas pastorais, movimentos sociais e sindicatos para ser um dia de protesto contra a situação do país. A proposta do Grito dos Excluídos nasceu em 1994 e em 1995 tomou as ruas das capitais. Em 1999 a proposta do Grito dos Excluídos ultrapassou fronteiras e espalhou-se pela América Latina. Aos poucos o Grito dos Excluídos tornou-se um grande movimento popular e plural que reúne igrejas, entidades, grupos, sindicatos, organizações não governamentais, etc. O Grito dos Excluídos escolhe um tema a cada ano para levar o movimento para as ruas. O escolhido de 2016 foi “Este sistema é insuportável: exclui, degrada, mata”. Em 2017 foi “Por direitos e democracia, a luta é todo dia”. O tema deste ano de 2018 foi “Desigualdade gera violências, a vida em primeiro lugar”.

A escolha do tema está relacionada à realidade do povo brasileiro, à conjuntura política e econômica, e também inspirado na Campanha da Fraternidade do ano. Neste ano, diante do retrocesso democrático, econômico, perda de direito dos trabalhadores, manipulação dos fatos pela mídia que detém o monopólio de comunicação, o povo foi às ruas do país protestar levando faixas, cartazes, recitando canções e com o grito: desigualdade gera violências, a vida em primeiro lugar. O Grito dos Excluídos denuncia o sistema injusto que está voltado a defender e resolver os problemas dos poderosos grupos econômicos, mediante pesados sacrifícios dos trabalhadores, pobres, desempregados.

Embora a grande mídia não tenha noticiado e nem veiculado uma imagem do Grito dos Excluídos de 2018, o fato é que a imprensa alternativa diz ter sido o maior protesto da história do movimento. Perante a grave situação da nação, o movimento propõe uma rediscussão dos rumos do país colocando a vida do ser humano em primeiro lugar. O movimento denuncia que a crise que se estabeleceu no Brasil é resultado de uma articulação política, midiática e jurídica em prol do mercado, das elites, causando crescimento da miséria, pobreza, desemprego, perda de direitos, seguridade social aos trabalhadores. Para o enfrentamento desta triste realidade que afeta milhões de brasileiros é preciso gritar: desigualdade gera violências, a vida em primeiro lugar. Então, para mudar será preciso aplaudir em praça pública em sete de setembro o movimento O Grito dos Excluídos.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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